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Sono e ritmos biológicos na saúde da mãe e do bebê

Neste último final de semana, celebrou-se o Dia das Mães, uma data que nos convida a reconhecer e valorizar todo o cuidado, entrega e amor envolvidos na maternidade. Para além das flores e homenagens, também é importante evidenciar sobre os impactos que esse papel exerce na saúde física e emocional das mulheres, sendo que o sono é uma dessas dimensões frequentemente afetadas.

 

Estudos mostram que as mulheres tendem a relatar mais dificuldades para dormir, maior necessidade de sono e maior tempo total de sono do que os homens. Além disso, o risco para o desenvolvimento de insônia é mais elevado entre mulheres, especialmente em determinados períodos da vida. Uma dessas fases é a gestação, que representa uma verdadeira revolução no corpo e na rotina da futura mãe.

 

Alterações no sono durante e após a gravidez

Desde o início da gravidez, é comum o surgimento de distúrbios do sono, que se intensificam principalmente no terceiro trimestre. Isso ocorre devido a uma série de mudanças fisiológicas, hormonais e anatômicas que influenciam negativamente a qualidade e a duração do sono. 

 

Após o nascimento do bebê, esses desafios aumentam ainda mais, uma vez que o sono passa a ser fragmentado, influenciado pelas demandas do recém-nascido, oscilações hormonais e aspectos emocionais próprios do puerpério.

 

Ritmos biológicos mãe-bebê

Durante a gestação, o bebê depende completamente dos ritmos biológicos da mãe. Após o nascimento, o ritmo do bebê ainda está em desenvolvimento, passando por transformações significativas ao longo do primeiro ano de vida. Embora o bebê já possua um “relógio biológico”, este ainda é imaturo e precisa de ajuda externa para se ajustar ao ciclo claro-escuro do ambiente.

 

Uma das formas de adaptar este processo é dando especial atenção à luz do ambiente. A luz é uma pista externa extremamente importante para a adaptação e sincronização dos seres vivos às condições do ambiente. O nosso relógio biológico chamado núcleo supraquiasmático, que está localizado no hipotálamo, consegue perceber as variações de iluminação ao longo do dia. Isso ocorre pelo fato dele possuir uma ligação com a retina e, desta maneira, consegue informar para o resto do nosso corpo, ainda que para nós isso ocorra de forma inconsciente, se é dia ou se é noite. Assim, a manipulação da luz no ambiente pode contribuir para a consolidação do padrão de sono tanto dos bebês quanto da mãe. 

 

Dicas para promover a sincronização dos ritmos mãe-bebê:

Separamos algumas dicas para minimizar a dessincronização entre os ritmos da criança e da mãe ou cuidador ao ambiente: 

 

Para mães:

  • Quando possível, amamentar por pelo menos 3 meses
  • Manter uma rotina consistente de sono-vigília
  • Realizar as mamadas noturnas com luz fraca (inferior a 100 lux) ou luz vermelha

 

Para bebês e crianças:

  • Dormir em quarto escuro à noite e cochilar em quarto bem iluminado durante o dia
  • Utilizar luminárias com luz fraca (<100 lux) ou luz vermelha durante a noite, se necessário 
  • Manter uma rotina o mais regular possível para a hora de dormir

 

Atenção ao bem-estar da mãe também é cuidado com o bebê!

Mais do que adaptar o ambiente para o bebê, é essencial que a mãe receba apoio e orientação para enfrentar as mudanças do pós-parto. Embora a privação de sono seja frequentemente naturalizada, ela pode contribuir significativamente para o surgimento ou agravamento de sintomas como ansiedade, depressão pós-parto e esgotamento emocional.

Queixas maternas de fadiga intensa, sonolência diurna, insônia ou alterações no humor devem ser valorizadas e acolhidas pelos profissionais de saúde. Dormir bem também é um direito das mães.

Neste mês em que celebramos aquelas que cuidam, também é tempo de lembrar: mães também merecem cuidado. Se você tiver dúvidas ou sentir que precisa de apoio, não hesite em procurar ajuda. Nossa equipe está preparada para acolher você, oferecendo acompanhamento psicológico especializado, avaliação e tratamento para questões relacionadas ao sono, bem como suporte nas diferentes fases da maternidade. Cuidar de si também é um ato de amor, por você e por quem você ama.🤍

 

Referências:

Christian LM, Carroll JE, Teti DM, Hall MH. Maternal Sleep in Pregnancy and Postpartum Part I: Mental, Physical, and Interpersonal Consequences. Curr Psychiatry Rep. 2019;21(3):20. 

Meir H. Kryger, Thomas Roth, William C. Dement-Principles and Practice of Sleep Medicine, 6ª Edition, Philadelphia, PA: Elsevier, 2017.

Sedov ID, Cameron EE, Madigan S, Tomfohr-Madsen LM. Sleep quality during pregnancy: A meta-analysis. Sleep Med Rev. 2018;38:168-176.

Serón-Ferré M, et al. Circadian rhythms in the fetus. Mol Cell Endocrinol. 2012;349(1):68-75. 

 

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