Você já sentiu que segunda-feira chega como se tivesse voltado de uma viagem longa, atravessando vários fusos horários? Se sim, talvez esteja vivendo os efeitos do chamado jetlag social.
Esse termo descreve a diferença entre os horários de sono nos dias de trabalho e nos dias livres. Ou seja: dormir e acordar em um horário durante a semana e mudar completamente essa rotina nos finais de semana, como se o corpo precisasse se adaptar a um “novo fuso horário” toda semana.
De onde surgiu o termo “jet lag social”?
A ideia surgiu a partir do jetlag, aquele que sentimos em viagens de avião atravessando diferentes fusos já explicados em nosso texto Jetlag nas Férias . A diferença é que, no jetlag social, não precisamos sair de casa: basta a discrepância entre o nosso relógio biológico e os compromissos sociais (trabalho, estudos, atividades da rotina).
O jetlag social é comum?
Muito! Quem nunca tentou “recuperar” o sono perdido da semana dormindo até mais tarde no sábado e domingo? O problema é que esse descompasso é cada vez mais frequente em uma rotina marcada por alta produtividade, excesso de compromissos e pouco tempo de descanso.
Pessoas de cronotipo vespertino, as quais naturalmente tendem a ter mais energia durante a tarde e à noite, tendem a sofrer ainda mais. Durante a semana acumulam uma dívida de sono significativa, que “compensam” nos dias livres, reforçando o ciclo associado ao atraso no início do sono e a privação de sono.
E não são só os hábitos pessoais: algumas profissões favorecem o risco de jetlag social, como médicos(as) e enfermeiros(as) plantonistas, pilotos e comissários(as), advogados(as) criminais, jornalistas e trabalhadores de plataformas de petróleo.
Quais as consequências do jetlag social?
Os efeitos vão além do mau humor da segunda-feira:
- Sonolência e cansaço persistentes;
- Alterações de humor, como irritabilidade e tristeza;
- Dificuldades de concentração e queda no rendimento acadêmico/profissional;
- Problemas de sono, especialmente insônia;
- Risco aumentado para obesidade, depressão e outras doenças crônicas quando a diferença ultrapassa 2 horas entre semana e final de semana.
Uma revisão de literatura conduzida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul destacou ainda associações do jet lag social com epilepsia, transtornos de conduta, uso de substâncias, risco cardiometabólico e até alterações hormonais. Ou seja: o impacto é real e abrangente. Além disso, os autores ressaltam a importância de que mais estudos sobre jetlag social sejam conduzidos.
Como prevenir o jetlag social?
Vivemos em um mundo que muitas vezes exige priorizar compromissos sociais em detrimento do descanso. Mas respeitar os nossos ritmos internos é essencial para a saúde a longo prazo.
Algumas estratégias simples podem ajudar:
🌙 Manter horários de sono mais regulares, inclusive nos fins de semana;
☀️ Buscar exposição à luz natural pela manhã para reforçar o relógio biológico;
📵 Reduzir o uso de telas à noite;
😴 Desenvolver bons hábitos de higiene do sono (com rituais de relaxamento antes de dormir, ambiente adequado e rotina consistente);
📌 Sempre que possível, optar por horários de trabalho e estudo compatíveis com o seu cronotipo.
O jetlag social pode ser entendido como um desalinhamento entre o relógio biológico e as exigências da rotina, cujos efeitos vão desde fadiga e alterações de humor até maior predisposição a problemas de saúde física e mental. Cuidar do sono, portanto, não significa apenas dormir mais, mas alinhar os hábitos diários ao funcionamento natural do organismo.
Na Cronosul, trabalhamos com base em ciência para ajudar pessoas a compreenderem e tratarem suas dificuldades de sono, inclusive quando elas estão ligadas a questões como jetlag social, insônia ou desajuste de rotina.
Se você sente que o seu sono não está bem regulado ou que isso já está afetando sua saúde, não hesite em buscar ajuda. Contar com acompanhamento especializado pode ser o primeiro passo para retomar boas noites de descanso e dias com mais disposição.😊
Referências:
Beauvalet JC, et al. Social jetlag in health and behavioral research: a systematic review. ChronoPhysiology and Therapy 2017:7 19–31.
Levandovski R, et al. Depression scores associate with chronotype and social jetlag in a rural population. Chronobiol Int. 2011;28(9):771-8.
Wittmann M, Dinich J, Merrow M, Roenneberg T. Social jetlag: misalignment of biological and social time. Chronobiol Int. 2006;23(1-2):497-509.
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