Quem já acompanha nosso trabalho, sabe que a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I) é o padrão ouro de tratamento para a insônia. Para quem é novo por aqui, recomendamos que acesse este link para conhecer a TCC-I. Entretanto, muitas pessoas ainda se perguntam quando que o uso da medicação é indicado para o tratamento da insônia.
De acordo com as diretrizes de saúde, o uso deste tipo de medicamento só deve ser indicado em quatro ocasiões:
1) Impossibilidade de acesso à TCC-I;
2) Não adesão à TCC-I por parte do paciente;
3) Falha terapêutica da TCC-I por parte do profissional;
4) Casos de insones com tempo total de sono inferior a 6h por noite.
Ainda, em caso da necessidade de tratamento medicamentoso, o uso não deve exceder 4 semanas e deve ser realizado com acompanhamento médico, pois além dos remédios serem de uso controlado, eles também necessitam de ajustes da dosagem conforme o sexo e a idade. Desta forma, o medicamento que funciona para um familiar ou amigo, pode não ter indicação para você devido a aspectos individuais e causas específicas dos problemas de sono.
Todos estes cuidados são necessários devido aos efeitos colaterais que estes remédios podem causar devido a sua atuação sobre as vias neurais que controlam o ciclo vigília-sono e as variáveis clínicas que o paciente apresenta. Alguns destes efeitos colaterais são: cefaleia, tontura, falta de coordenação motora, desequilíbrio, risco de quedas, sonolência diurna, sintomas gastrointestinais, declínio cognitivo, prejuízo do raciocínio e julgamento, mudanças no comportamento e alucinações.
Além disso, o usuário estará sujeito a dois outros fatores: o aumento das dosagens conforme o organismo vai se adaptando à medicação e, a dependência medicamentosa. Dados mostram que 75% dos pacientes clínicos, que utilizam a medicação de forma crônica, apresentam dificuldade para a retirada do remédio.
Recentemente, o programa de televisão Fantástico apresentou uma matéria completa sobre o uso indiscriminado de medicações para insônia, tendo como foco principal o uso do Zolpidem. A reportagem conta com a participação de especialistas em medicina do sono e você pode acessá-la neste link.
Entretanto, caso você esteja fazendo o uso deste tipo de medicação há mais de 4 semanas e/ou sem acompanhamento médico ou conhece alguém que esteja passando por esta situação, temos um aviso importante para você: o tratamento não medicamentoso conhecido como TCC-I pode colaborar para o processo da retirada gradual da medicação através de estratégias planejadas juntamente com o paciente e o médico responsável. Com base em estudos científicos, o tratamento utilizando a abordagem cognitivo-comportamental se mostra efetivo para a insônia, com efeitos na gravidade da insônia, melhora da eficiência do sono, diminuição dos despertares e da latência para início do sono. Cabe-se ressaltar que para realizar qualquer mudança medicamentosa, a prescrição e o acompanhamento médico serão fundamentais.
A equipe de profissionais aqui da Cronosul conta com duas Psicólogas do Sono, certificadas pela Associação Brasileira de Sono (ABS) e Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) que possuem experiência com a TCC-I. Mande sua dúvida para a gente e conte com a nossa ajuda.
Referências:
Bacelar, A. Pinto Junior, L. R., Insônia: do diagnóstico ao tratamento. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; São Paulo: Associação Brasileira do Livro, 2019.
Espie CA, Chapter 6: CBT-I and Pharmacological Treatment. In: Baglioni C, Espie CA, Riemann D, European Sleep Research Society, European Insomnia Network, European Academy for Cognitive Behavioural Therapy for Insomnia. Cognitive-Behavioural Therapy for Insomnia (CBT-I) Across the Life Span: Guidelines and Clinical Protocols for Health Professionals, First Edition, 2022.
van Straten, A., van der Zweerde, T., Kleiboer, A., Cuijpers, P., Morin, C. M., Lancee, J. Cognitive and behavioral therapies in the treatment of insomnia: a meta-analysis. Sleep medicine reviews, 2018, 38:3-16.
Riemann D., et al. European guideline for the diagnosis and treatment of insomnia. J Sleep Res. 2017;26(6):675-700.